Décadas se passam e outras obras mudas ganham reconhecimento e influenciam gerações posteriores.
O roteirista Yasunari Kawabata ganha o Premio Nobel de Literatura em 1968.
O diretor ganha a Palma de Ouro e um Oscar por "O Portal do Inferno" em 1953.
Somente em 1971 é que Teinosuke Kinugasa encontra o filme e desde então nós somos brindados com a mais inovadora,assustadora e brilhante obra de arte ja feita,tanto no Japão como no mundo.
Contemporâneo de Murnau e Eisenstein,Teinosuke Kinugasa mescla a ambientação psicológica do primeiro com a edição angustiada e frenetica do segundo.Os corredores cinzentos e a iluminação expressionista de um manicômio servem de pano de fundo para a historia de um marinheiro que vira zelador para estar próximo de sua mulher que sofreu um colapso no passado e se encontra internada no local.
Quando sua filha chega para contar à mãe de seu noivado,o passado vem à tona.
Passado em único ambiente tudo converge para que esqueçamos qualquer referencia literária para mergulharmos numa convergência de loucura de personagens que dançam esquizofrenicamente e gritam com suas bocas sujas e escancaradas.A câmera é a única referencia que teremos junto com a coleção de inspirados subterfúgios visuais e ausência de limite como flashbacks apresentados em forma de sobreposição de imagens e movimentos de câmera acompanhando a espiral de desespero de seus personagens.
O filme não possui intertitulos.Assim como o Kammerspielfilm alemão que defendia o uso da camera subjetiva como condutor psicologico de um personagem realistico e a ausencia de texto explicativo,Teinosuke Kinugasa vai alêm usando elementos surreais e coreografias visuais para conseguir aliar o objetivo de usar apenas a câmera pra contar sua historia e levantar questões sobre a natureza da loucura usando e abusando de delirios e closes puros anteriores ao de Dreyer.
Talvez o único filme que conseguiu superar a "A Ultima Gargalhada" em sua época.
Jóia rara do horror.
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