A Revista Mad nunca exerceu uma influência tão grande no mundo do cinema como em David Zucker,Jim Abrahams e Jerry Zucker e sua obra-prima "Apertem os Cintos,o Piloto Sumiu!".
A catarse anárquica de situações díspares e esquetes satiricos provindo de todas as partes e dialogos,possui uma influencia na posterior comedia norte-americana em outras grandes obras do coletivo ZAZ como "Corra que a Policia Vem Aí!"(1988),até os derivados caça-niqueis nauseantes como "Disaster Movie"(2008).
A Mad tinha o habito de satirizar em seus inteligentes quadrinhos os blockbusters de sucesso,com cada quadro apresentando uma piada em cima de um clichê ou anarquisando o conceito geral da obra tida como "séria".
Assim ZAZ fez aqui,com referências culturais diversas à filmes de catastrofe tão comuns na decada de 1970,misturadas com diversas outras citações que vão da excelente cena remetendo aos "Embalos de Sabado a Noite"(1977),à "Tubarão"(1975),como na cena introdutoria(filmes,aliás,que recentemente tinham derramado sua magica na tela grande).
Não há momento sem piada e não há ritmo igual ao trio de diretores assim como a facilidade em transformar em observações irônicas piadas pré-Farrelys,como o piloto pedófilo,a frase "Prefiro preto,como os meus homens" dita por uma criança,mais crianças doentes(na sensacional cena do violão),freiras,negros falando seu proprio "dialeto",religiões..dentro do cenario de um avião em queda após o desmaio dos pilotos por terem comido peixe.
A genialidade do filme em não poupar o espectador em nenhum segundo de piadas visuais toma personalidade na aparição absolutamente fora do lugar comum de Stephen Stucker e seu personagem Johnny cujas aparições delirantes resumem conclusivamente o espirito non-sense da falta de linearidade e interrupção do humor de comic-con que o filme nos brinda atraves da linguagm da sétima arte.
Muitas das ferramentas estilisticas cinematograficas ja usadas a epoca a exaustão em prol da proliferação de clichês são revistas e chacotadas com competencia tecnica como zoom-ins melodramaticos,planos sequencias,trilha sonora previsivel(aqui dentro do mesmo espirito satirico do filme numa excelente composição de Elmer Bernstein)...assim como personagens e situações comuns no subconsciente pop,principalmente depois da chegada avassaladora da televisão.
O primor do profissionalismo dos envolvidos vão da seriedade forçada mas convincente de suas atuações,do sempre impassivel Leslie Nielsen num papel que lhe renderia quase que uma aura icônica em trabalhos posteriores,o heróico passional Robert Hays(numa dança travoltiana impecavel),a heroina Julie Hagerty(numa incrivel candice patética),assim como Lloyd Bridges cheirando cola e Robert Stack auto-ironizando o machismo idolatrado do herói salvador.
Só constata mais ainda o valor de obra surreal cômica fundamental do seculo XX as intervenções do imaginario sendo atropelado pelo real como nos lampejos de genialidade de Kareem Abdul-Jabbar sendo reconhecido pelo moleque assediado por Peter Graves(da serie original de "Missão Impossivel") e Ethel Merman como uma tenente enlouquecida que pensa ser Ethel Merman.
Um filme detalhistico,excelente com maconha,salgadinho e pé descalço no carpete....mas detalhistico. .
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