Os anos 20 foram absolutamente revolucionarios no cinema.
Diversos estilos conviviam mutualmente na Europa como o Impressionismo frances,o Expressionismo alemão,a montagem soviética e o surrealismo.
De começo cada um no seu quadrado.
Walter Ruttman,um alemão muito louco que fazia filmes graficos e experimentais envolvendo conceitos musicais,se opôs à aderir ao vigente expressionismo de seus conterrâneos e adotou idéias soviéticas de Vertov e cia. para montar o nascimento e morte de uma cidade em um único dia mostrando todos os vieses e opostos de um cotidiano aparentemente banal.
É um filme que pega referencias do cine-olho vertoviano para construir uma poética da imagem de contrarios do constante movimento,e acaba por influenciar aquele que seria o ápice da realização de seu influenciador,"O Homem com a Camera"(1929) de Dziga Vertov.
Fica claro pra quem viu os dois filmes que o segundo veio a ser mais completo e ousado,alem de ter uma importancia tão significativa na teoria cinematografica que abafaria qualquer possibilidade de mérito original do filme alemão.
Ruttman não se concentra em ultrapassar os limites do conceito epistemológico da arte do cinema,mas se volta unicamente na utilização de métodos de montagem para levar adiante o seu proposito.O que o distancia e o coloca um degrau abaixo de Vertov,que usou de diferentes efeitos,edição dialética mais simbólica e uma metalinguagem surreal.
A idéia de movimento é uma constante desde o primeiro simbolo rítmico animado que aparece na tela (remetendo aos filmes malucos da série "Opus" do diretor),seguindo com o trem vislumbrando diferenciadas paisagens enquanto entra na cidade.
Os diferentes atos em que o filme é dividido diferem os momentos mais marcantes de uma rotina diária como se fossem membros de uma historia sempre igual com começo meio e fim.O acordar, o inicio da movimentação,a pausa pro almoço,a volta ao trabalho o entardecer e a noite.
É facil rotular de socialista um filme como esse devido à momentos de foco proletario que sua edição proporciona mas não há nada mais favoravel à um ideal socialista do que uma câmera que mostra a vida come ela é e esta sendo,numa sociedade destruida pela guerra,se recuperando,imersa num mundo dividido em dois, indecisa,alimentando futuros partidos genocidas.As maquinas industriais enquadradas como gigantes que possuem uma participação quase que primordial no movimento da cidade como um organismo inteiro mostra o quanto que o cinema puro fala sem emitir palavras e impõe a sua ironia e indgnação apenas com sucessão de planos e enquadramentos febris,independente se for um humanista socialista ou apenas um ser humano solidario mostrando a realidade de um ponto de vista documental.
Uma grande aula.
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