O mestre dos suspenses Hitchcock - depois de ter criado um amálgama de seus melhores estereótipos temático-visuais em "Intriga Internacional"(1959) - filmou em 1960 aquele que viria a ser considerado o primeiro retrato de um serial killer sexualmente perturbado:"Psicose" e seu Norman Bates.
As referências à essa obra-prima vão desde os nomes dos personagens,até a escalação marqueteira e bem-sucedida de Jamie Lee Curtis,filha de Janet Leigh,famosa protagonista da cena do chuveiro.
Carpenter por sua vez se distancia do amor cópia-carbono do estilo de Hitch adicionado à cocaina e hard-rock da New Hollywood de um Brian de Palma...e com sua própria visão autoral molda um gênero à parte.
O que há de mais sincero em seus filmes é o amor pela tour-de-force de seus ídolos,assimilando a cultura pulp ao mesmo tempo que transita por diferentos gêneros de thriller.As habilidades técnicas de manipulação psicológica e emocional,acumulam os melhores ingredientes do horror moderno feito até então.Ingredientes esses como a câmera subjetiva mostrando o fluxo de pensamento assassino dos olhos do psicopata,já utilizados em "Natal Negro"(1974) de Bob Clark(diferente de "Psicose",considerado o primeiro slasher a realmente se concentrar mais no assassino e suas mortes).A subjetividade de Carpenter acaba gerando um excelente plano sequencia no início do filme,em que através dos olhos de um Michael Myers de 6 anos, vemos ele colocando a primeira máscara e apunhalando a sua irmã mais velha.
A pouca utilização do gore a favor da iluminação/enquadramento climático,que afasta o diretor dos giallos italianos o aproximando muito mais de Val Lewton ou Polanski,no sentido de arrancar do poder da sugestão o horror maior;a máscara que acentua o alcance de desconhecido e sobrenatural do assassino vem de "O Massacre da Serra Elétrica"(1974) de Tobe Hopper;a música composta pelo próprio Carpenter num tecladinho que é abertamente inspirada pela trilha de Goblin para "Suspíria"(1977) de Dario Argento ao mesmo tempo emulando a peça Tubular Bells de Mike Oldfield utilizado em "O Exorcista"(1973) de William Friedkin que já tinha elevado o terror á um patamar maior no início da década de 70.
Foi o caráter autoral de Carpenter junto com o estoicismo mortífero de Myers que fez com que essa poção de referências macabras se tornasse algo único em sua assombração,com os títulos iniciais dando o clima necessário,gerando uma série de clichês e imitadores que enriqueceriam consideravelmente a imaginação de adolescentes nos anos 80 e 90 que dormiam de luz acesa e gastavam a mesada em VHSs.
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