Planos abertos e edição frenética mostrando um trem chegando num vilarejo no meio do oeste americano.
Nenhum trem para ali ha anos,todos os moradores perplexos saem das casas pra ver quem vai desembarcar.
Quem desembarca?
Spencer Tracy com um braço só.
Durante o McCarthismo a paranóia se apoderava em Hollywood com varios de seus artistas vitimas do "caça as bruxas".Todas essas vitimas foram conjugadas em Macreedy,um senhor que perdeu o braço na Segunda-Guerra e desembarca na remota Black Rock para entregar uma medalha à um desaparecido fazendeiro japonês.
A causa desse desaparecimento parece preocupar Smith e seus capangas que lideram a cidade na base do medo e da violencia.Quando Macreedy pões os pés na cidade,os homens terrivelmente durões de Smith começam a atormenta-lo.
Terrivelmente durões?
Sim,quem manja do universo cinematografico sabe que Ernest Borgnine e Lee Marvin eram fodas.
Aqui Borgnine consegue um troco ainda melhor que a facada de Montgomery Clift em "From Here to Eternity" antes de se redimir da maldade no humanamente terno e revolucionario "Marty" de Delbert Mann,do mesmo ano.
Porêm se há algo que apenas o cinema pode oferecer é um vilão interpretado por Lee Marvin.A presença de Marvin no cinema é algo violentamente significativo na cultura pop-artistica contemporanea,o que se revelaria em papéis sublimes posteriores com filmes de Aldrich,Fuller,Ford,Boorman...só pra citar alguns.
Agora imagine um invalido sofrendo nas mãos desses caras a todo minuto.
Aí é que entra a atuação de Spencer Tracy(ganhadora do prêmio em Cannes) onde cada olhar é significativo,cada gota de suor escorrendo da testa é convidativa à tensão do espectador.
Um personagem que sente medo sim,como Gary Cooper em "Matar ou Morrer",por enfrentar a covardia e a desvantagem;mas que se mostra misterioso o suficiente a ponto de desvendar certas habilidades como brigar,pliotar um jeep numa perseguição,ou improvisar um molotov...tudo com um braço.
Uma história tão visceral,tão denunciativa(mesmo que simbolicamente),e que se sobrecarrega da tensão vinda do medo que o homem tem da violencia do proprio homem,a eminecia da morte aqui encontra um status artistico dentro do modo como John Sturges conduz a narrativa.Sturges se mostraria mestre em tensão,violência e sobrevivencia em filmes absolutamente dignos de um lugar no museu das emoções viscerais transformadas em arte.Obras como "Sem Lei,Sem Alma"(1957),"Duelo de Titãs"(1959),"Sete Homens e um Destino"(1960) e "A Grande Escapada"(1963).
Uma das maiores obras a retratar a paranóia do pós-guerra nos anos 50,"Conspiração do Silencio" é uma puta crônica.Onde rostos te encarando a todo momento são apenas mascaras de gente fraca não sabendo lidar com uma responsabilidade criminosa provindo do preconceito e da ignorancia patriotica.
Politicamente contemporaneo à sua época.
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