sábado, 15 de outubro de 2011

"Os Boas-Vidas" - 1953 by Federico Fellini

"Os Boas-Vidas" tem a fama de ser o primeiro filme importante de Fellini apesar de ser seu terceiro trabalho de direção e o segundo dirigido integralmente por ele.
"Abismo de um Sonho" tem seu lugar nesse humilde blog.
Fellini com esse filme(que é incrivel que seja o seu segundo)começa a se utilizar de temas maduros,humanos com certos simbolismos.Como o mar,por exemplo,que é o simbolo maior.O lugar onde os 5 amigos costumam passar seu tempo de ocio.O mar como a busca pela esperança,como a possivel salvação.
Ao contar o surgimento da reflexão da maturidade na vida de Alberto,Moraldo,Fausto,Leopoldo e Riccardo,Fellini introduz uma tematica no cinema com uma abrangencia psicologica que influenciaria George Lucas em " American Graffitti",Joel Shumacher em "St. Elmo's Fire",Scorcese em "Caminhos Perigosos" e Levinson em "Diner".
O roteiro de "Os Boas-Vidas"surgiu depois do desprezo do produtor Lorenzo Pegoraro pelo roteiro inicial de "La strada";achando que esse fosse um possivel desastre de audiencia sugeriu a Fellini que este escrevesse uma comedia.O ajuntamento das lembranças de adolescentes de Fellini e seus co-roteiristas Enio Flaiano e Tulio Pinelli foram a gênese para "Os Boas-Vidas"
Logo na introdução do filme somos apresentados aos 5 personagens principais com um plano sequencia cuja camera se dirige ao rosto de cada um( como Scorcese faria em "Os bons Companheiros"):
Alberto,considerado por muitos um personagem homossexual,(principalmente na cena em que ele se transveste na festa),é um solteirão filinho da mamãe que sustenta seus jogos com o dinheiro da irma que por sua vez é envolvida com um homem casado.Interpretado pelo comediante Alberto Sordi,que viria a se tornar um dos comediantes mais populares da Italia,a personagem é protagonista de dois grandes momentos do filme.A pungente e sensivel cena na praia,ende ele descobre o proibido e reatado envolvimento de sua irmã;e seu revelador discurso bebado depois da festa.

Leopoldo,interpretado pelo comediante Leopoldo Triestre(que foi brilhante em "O Abismo de um Sonho")é um escritor de peças cuja intelectualidade o destaca de seus amigos materialistas,como ele mesmo reclama pro seu idolo ator Sergio Natali(por sua vez interpretado pelo grande ator de teatro Achille Majeroni)
numa grande paeticipação sua no filme que culmina num assedio homossexual engraçado por sua honestidade e chocante pela epoca fria em que o filme foi exibido
.
Fausto é interpretado pelo galã Franco Fabrizi,o "Cary Grant italiano".No papel de guru sedutor do grupo ele engravida a irmã de seu amigo Moraldo e se vê obrigado a casar e trabalhar.As suas irresponsabilidades e desventuras amorosas e tentativa de pular a cerca é o que ha de mais engraçado e charmoso no filme.Talvez o personagem mais importante por ser ele o estopim da reflexão sobre a mudança que acontece ao seus amigos.

Por fim Moraldo e Riccardo.Moraldo como o cerebro e prudencia do filme é o que vaga sozinho na noite procurando uma resposta pro futuro e faz amizade com um garotinho que trabalha na ferrovia,amizade essa que ira gerar a magica cena com do freeze-frame final.Riccardo é um personagem menor,um tenor;na verdade é Riccardo Fellini,irmão do diretor,interpretando ele mesmo.
O filme foi filmado em varias cidades da Italia seguindo a turne de Alberto Sordi que interpretava em sua horas livres.A revolução começou porem na fotografia e edição.Em 6 meses Fellini trabalho com um time de fotografos pra desenvolver um estilo baseado em planos lentos pra capturar a essencia do que o personagem esta sentindo,e a utilização de zooms para efeito dramatico.Com Rolando Benedetti criou um ritmo de edição onde pequenas sequencias eram permeadas de cortes abruptos enquanto as longas se dissolviam.
O filme se tornou um sucesso de publico e critica.Foi premiado com o Leão de Prata no Festival de Veneza e seu brilhante roteiro foi indicado ao Oscar.