sábado, 8 de outubro de 2011

Michael Viner's Incredible Bongo Band


Michael Viner foi um diretor da Pride,subsidiaria da MGM, que em 1972 juntou  a Incredible Bongo Band pra criar a trilha sonora do incrivel filme "The Thing With Two Heads" fazendo cover de classicos dos 50's e 60's  com uma peagada funky recoberta dos estalos selvagens e estricnados dos bongos.

Ele se entusiasmou e gravou um album:"Bongo Rock" em 1973.
De todas as faixas destaco as que mais me emocionaram:
"Apache" - a musica famosa  por ter sido inumeras vezes sampleada pelo hip-hop realmente tem a pegada  com atitude necessaria pra cumprir o papel de pioneira no som das ruas
"Bongolia" - pelo nome ja se vê,o bongo inicial ja mostra que a entrada na selva da luxuria esta garantida
"Dueling  bongos" - necessaria no volume alto no auge da chapadeira - aqui quem manda é o Deus da percussão
"In a gadda da vida" - esse cover do Iron butterfly pra mim é a melhor do disco,com toda a magia daquela extraodinaria musica acrescentada de um virtuoso solo de bongos no meio.
Nota-se que não é só nos bongos que a virtuosidade comanda,mas o mais misterioso do album é que tirando a falsa-banda usada nas fotografias ,ninguem sabe realmente quem tocou o que aqui;o unico que sabia e dizia que esqueceu,foi Michal Viner que morreu em 2009.
A nós so nos resta chapar o coco com tamanho presente cult.



Um filme surpreendente do começo ao fim.
O que dizer da introdução onde em menos de 10 minutos vemos a camera surgir do nada seguindo um camburão policial,a policia invadindo a favela,capturando o suspeito,a manifestação das pessoas da viela contra a policia,o interrogatorio,a coleta de impressões,até chegar no fim onde os policiais conversam no banheiro no final do expediente.Tudo isso pra explicar como é o trabalho do protagonista do filme ,um policial da Scotland Yard.Foda.
De repente eles começam a falar,e isso foi como asssitir 2001 em 1968.
A cena no restaurante da espaço a conotações sxuais,estudo dos relacionamentos e muita SACANAGEM com o Hitch dando close na Ondra mordendo os labios para um estranho enquanto seu namorado não vê.Uma briga,ele sai do restaurante tenta voltar arrependido,faz um sorriso de esperto e ve ela sair com esse mesmo estranho.
A conversa desse estranho com a moça demora mais de 10 minutos,depois que ele literalmente arrasta ela pro seu apartamento.Então entra outra coisa sensacional,uma divagação ao mesmo tempo ligada ao teatro do qual o filme foi originado,mas originando por sua vez uma propria linguagem cinematografica atraves do som, com os personagens passeando pelo apartamento num (pasmem!) pré-"A Bout de Souffle" ou " Le Mepris"(lembram qual era um dos diretores mais venerados pela nouvelle vague?=Hitch).
Uma especie de distração artistica ao publico,vemos uma brilhante cena de desenho em dupla(muuuuuuito sexo subentendido),a protagonista semi-nua em 1929,dialogos economicos que culminam numa das mais brilhantes cenas de estrupo e assassinato onde Ondra brilha numa interpretação que sem duvida eh uma das mais marcantes em filmes de Hichcock.O terror entra de supetão.O terror mesmo!!!!O falso romance e de repente em poucos segundo estrupo ,assassinato e Ondra matando a pau!!!!Assistam!!A cena em que ela caminha traumatizada eh de um brilhantismo,o trauma não tinha entrado no cinema dessa forma ainda,com uma profundidade psicologica tão pungente.O som gritando noticias de assassinto,"Faca!",tudo remetendo a morte se depara com a apavorante face de Ondra e a edição sempre brilhante e quadrinhesca.

A forma como o chantagista faz sua insinuação atraves de um charuto eh uma aula de construção de cena.Nos rimos e nos pergunatamos e nos indgamos com o personagem intruso.
A cena final eh tão aterradora quanto aquelas que Hitch colocava em seus episodios televisivos posteriores remetendo ao mesmo calafrio das melhores do "Twilight Zone" por exemplo.Um dos melhores finais de um filme dele.

A aparição dele xingando um moleque chato no trem é  uma das mais hilarias.
10 anos antes de Welles e Renoir,vemos Hitch mexendo a camera que nem louco.
A camera se move dos olhos do suspeito para um espelho;zoom-in no espelho e nos deparamos com o reflexo distorcido de dois detetives.
Close nos detetives e vemos as famosas persianas que muitos creditam a Wilder.
Cenas simples como os dois personagens subindo a escada de um predio nas mãos do Hitch aqui nesse filme vira magia.Quem duvida:comprove!Quem ja viu e duvida:comprove tambem!
Esse filme não usa otimos elementos de suspense,ele cria elementos de suspense senhor!
Essa eh a diferença!

O Sheik Branco de Fellini - "Abismo de um Sonho"

Não sei quanto a vcs mas a mistura de sonho e realidade permeia qualquer um que tenha começado a ler cedo,a se aventurar nas ruas cedo,a compreender a arte cedo...
Esse é o primeiro filme de Fellini dirigido integralmente por ele,me encantou sobremaneira o talento que ele ja demonstrava ter ,o talento de um auteur,de alguem que nasceu pra isso...Seu trabalho como roteirista no neo-realismo lhe deu a convivencia necessaria para desenvolver as ferramentas do dicionario cinematografico que ele evoluiria mais tarde.
Uma comedia primeiramente,com o talentosissimo,inacreditavel Leopoldo Triestre com sua cara de panico inimitavel explorada por Copolla em "The Godfather 2".As situações criadas em torno dele são de dar gargalhada.Me assustei com os primeiros 10 minutos de filme que aparentava um certo amadorismo com o casal chegando de trem na Roma pos-guerra onde nada ainda era glamour,mas acho que era porque eu tava ajorjado da maconha;porem a medida que a o rosto da esposa se mostrava intrigante e suspeito como se ela quisesse algo urgente ali em Roma,a narrativa me deixou deveras intrigado.

Interessante dizer que os titulos inicias mostravam algo oriental com véus voando contra o vento;o titulo original do filme parecia remeter a um filme das mil e uma noites.Mas a historia de um casal que se separa depois da fuga da mulher pra conhecer o astro das fotonovelas ,o sheik branco,se converte em duas ramificações: as aventuras da mulher com a troupe de artistas que acompanham o sheik,uma tentativa do sheik de comer ela depois de fumar algo que parecia um baseado(acredite!),e bom vou parar com spoilers.Mas Fellini é descrição de cenas,como o primeiro encontro dela com o sheik e sua longa conversação que mistura na genese do estilo felliniano a realidade com fantasia na persona de um idolo como Allen fez em "A rosa purpura do cairo",ela encontra um sheik num balanço no galho mais alto da arvore,ele leva ela pra passear e pra ver como a vida é dura como o sonho tambem pode ser...uma das frases mais pungentes de um filme de fellini dita pela protagonista chorando depois de suas aventuras "Sim a verdadeira vida é a vida dos sonhos,mas as vezes o sonho é um abismo!",pungente no contexto de um filme que ja dizia coisa que muitos filme não diziam na epoca 
O modo como os personagens surgem coreograficamente na frente da camera, o modo como Fellini usa essa sua tatica para o humor,os movimentos que ela dá, a caracterização forte do personagem mais banal,é foda...
pela primeira vez surge Giulieta Massina como Cabiria, e o mais impressionante pra mim foi ver que Fellini parecia saber que faria "Noites de Cabiria" anos depois,pois o personagem surge breve mas forte e engraçado,trazendo a tão rara magia cinematografica à época,na figura de um cuspidor de fogo...prostitutas e artistas numa roma decadente e mesmo assim o sonho parece exaltar a realidade ,a vida.
Vou repetir,vcs devem assisitr e comprovar,Leopoldo Triestre é dono de um terço do filme....agora o outro terço vai pra Nino Rota,o cara é Deus.Acho que no inicio da decada de 50 essa sua maneira de espelhar de forma psicologica a intenção do diretor só era comparavel com o Bernard do Hitch.Tem uma variação  do mambo usadao em "8 1/2"(na verdade a variaçãoestá em "81/2" que é posterior) mas de repente quando é necessario o suspense ele rege soturnamente,quando surge o melodrama ele rege ternamente.Nino Rota foi genio...sua trilha sempre descamba para o lado mais ludico divertido e safado da arte na vida e da vida na arte.Fellini om sue humor,com seus devaneios e com seu humanismo.
A cena em que eles mostram os bastidores da fotonovela é sensacional,a influencia dos quadrinhos e dos seu passado como cartoonista é fluente no cinema de Fellini,primeiramente no seu começo usado em prol da reflexão corriqueira para posteriormente nos seus filmes pos-"La Dolce Vita" serem usados para reflexões e designs mais profundos porem simples na sua significação da arte e do homem(ou seja,de todos nós)e enfim revolucionar uma das faces da multifacetada linguagem cinematografia e suas diversas personalidades que a utilizam.
E por fim "Vamos pessoal ,apertem o passo!" e seus personagens marcham pela primeira vez ao ritmo de Rota como se fossem personagens de uma apresentação circense.Um filme pra se assistir descalço no carpete tomando caipirinha.Finis

A injustiçada Marnie


Como disse Truffaut essa é a obra-prima doente de hitchcock,não só Truffaut mas Rohmer,Bogdanovich,Chabrol,Robin Wood reconheciam a magnitude de um filme que buscava ao mesmo tempo que fechar a parceria de Hitchcock com seus maiores colaboradores,ser uma especie de depositorio de todas as perturbações psicologicas que ele sempre demonstrou apreço em suas obras anteriores,principalmente a figura da mãe.

A cena inicial apresentando a protagonista com a camera partindo da bolsa dela ja é por si só ao mesmo tempo que sutil,genial.Um filme que de começo ja percebi que ia ser meio barroco,com o technicolor gritante ajudando no meu ponto de vista.Ela é uma ladra morena,lava o cabelo,levanta a cabeça e entra a musica de Hermann,que está na minha cabeça até agora,uma musica que remete ao tema de "Laura" por exemplo,melodramatica e muito pouco comum com os outros trabalhos do compositor(em suas passagens romanticas), mas mesmo assim grandiloquente.
Um dos roteiros mais genias de um filme de Hitchcock por ilustrar a jornada de um personagem para dentro de sua propria mente(nao por vontade propria ,mas conduzida)a procura de uma resposta.
Uma resposta para o que?
Quando a personagem visita a casa da mãe em pouco tempo percebemos que ,pra quem conhece o trabalho de Freud e Jung,estaremos induzidos por Hitchcock numa analise psicologica de personagem atraves de ferramentas estilisticas e uma sofisticação que faz esquecer o exagerado "Spellbound".
O vermelho,o efeito,a trilha ,o extase....
Ela encontra a criança da qual a mãe é babá e demonstra um ciume absolutamente cruel,a mãe realmente demonstra apreço maior pela criança do que por ela: "Mãe ,porque você nunca me amou?" pergunta Marnie seguido da impossibilidade do toque,depois de palavras rispidas o toque surge,mas na figura de um violento tapa no rosto,as amendoas caem no chão,maestria cenica e de atuação.Afinal a torta não era pra ela.
O roteiro é tão brilhante que ao mesmo tempo que aborda as questões profundas que objetiva expor atraves da camera,ainda nos brinda com uma cena tensa atras da outra e ainda que não tensa,ao menos perturbadora.Ate mesmo quando marnie fica observando como o processo de abertura do cofre funciona com o excelente macete da gaveta,a camera nos diz "Vocês são ladrões tambem,vcs vão roubar com ela!"
Antes da cena do roubo seu relacionamento com Mark nos intriga ,assim como personagens estranhos que a reconhecem do nada,e o ciume da irmã da falecida esposa de Mark.
A cena do esperado roubo é uma das maiores de Hitch e começa na cabine do toilett com ela esperando as colegas sairem e por fim o reino do aterrorrizante silencio;Hitchcock silencia tudo para que presenciamos o roube ser executado ao mesmo tempo que a camera se posiciona num plano aberto num dos maiores exmplos de uma das suas taticas mais conhecidas:a do telespectador como testemunha do perigo que nem o protagonista pde ver,assistam essa cena e comprovem.

Quando Mark "captura" Marnie,casa com ela abaixo de chantagem e a leva para um cruzeiro começa a parte doente e pertubadora do filme.Ele quer realmente ser seu psicanalista,chega a ler livros sobre o assunto,e descobre uma aversão de Marnie pelos homens,terceira dica pro nosso bloquinho de analise...um casamneto que não parece dar certo e muita selvageria sexual por parte de Mark e frigidez por parte de Marnie:a mãe e o sexo.
De volta a casa uma cena absolutamente sencacional se desenrola numa caçada comm Marnie correndo do vermelho e o acidente cm o cavalo seguido do sacrificio,que absurdo de execução de Hitch.Quando a camera sobe num belissimo plano aberto de Marnie correndo a toda a velocidade com o cavalo é um extase.Outra cena que eu acho fantastica é quando o casal de repente começa a fazer associação de palavras com ela primeiramente esnobando a capacidade de psicologo de Mark e de repente ele grita e aponta o dedo "Vermelho!" e ela começa a chorar desesperada...Tomasini se despedindo com louvor e mostrando que sua edição salva até os dialogos mais pobres,quem tem visão de artista sabe...
Quando na tentativa de seu ultimo roubo vemos a tentativa dela de não colocar as mãos no dinheiro e sendo vencida pela força estamos presenciando o primeiro retrato de uma cleptomaniaca no cinema.
E no epilogo o que eu tenho a dizer é que o papel da mãe e todos os temas decorrentes da relação do arquetipo da mãe-mente perturbada do filho,vistos e revistos por Hitch alcançam sua resina artistica.Grande interpretação de Hedren e de Louise Latham,um duelo incrivel,uma revelação e o grand finale pra obra-prima mais subestimada de Hitchcock




Um filme absolutamente injustiçado parece ser a versão feminina de "Vertigo" ja que assim como no filme com James stewart a primeira metade da narrativa não passa de um macguffin ela inteira para chamar a atenção de forma surpreendente na segunda parte daquilo que o diretor realmente queria mostrar,o estudo de uma mente perturbada.Assim como ele fez em psicose por exemplo.E tem quem fale mal do roteiro....

Sexo,psicologia,crime.estilo,musica,som,furia,silencio....o que tem de errado com esse filme?Comparar com outras obra-primas e não analisar ela por si mesmo?Não compreender o que um autor tem a dizer?Falar mal dos efeitos e cenarios datados que remetem ao expressionismo alemão como se fosse digno reclamar de um estilo-referencia de um auteur?