quarta-feira, 22 de agosto de 2012

"Anjo das Ruas"(1928) -Borzage e os planos





A influencia do cinema autoral do cinema alemão no cinema em Hollywood é incontestável.
Principalmente Murnau,que desembarcou nos EUA e filmou "Aurora" filme de 1927 com Janet Gaynor e que viria a influenciar até mesmo John Ford.
Um dos mais influenciados por ele foi Frank Borzage,que coincidentemente faria sucesso no final dos anos 20 com dois filmes tendo a Janet Gaynor como protagonista e sendo ambos presença na primeira festa do oscar junto com o filme do alemão.
A atriz seria a primeira laureada...pelos três filmes.

Quanado eu digo influenciar eu não estou dizendo que ele se ajoelhava aos pés do expressionismo alemão e copiava descaradamente,muito pelo contrário.
O que ele fazia era se prover da ideia de auteur/diretor e fazer com que o elemento puro do cinema seja tirado de uma historia,seja com movimentos de camera,fotografia deslumbrante e efeitos ópticos;seja com grandes atuações.
Os planos-sequencia de Borzage eram sensacionais e iam muito alêm do que o cinema alemão fazia,a apresentação do cenário da viela no inicio do filme,ou quando Gino sai desesperado no meio da multidão a procurar a fugitiva Angela.
Não é a toa que Scorcese ama Borzage.
O mais expressionista do filme  é a fotografia cheio de névoas e escuridão tendo como o auge o momento em que Gino sai com um fosforo procurando o rosto de uma mulher no final do filme.
Os enquadramentos tambem são obras de arte à parte seja para colocar os personagens numa posição hierarquica(como a camera por tras dos juizes no tribunal),seja pra posicionar os personagens distantes numa mesma situação(quando Angela está  se equilibrando antes de cair,tendo Gino ao longe com um policial à assistindo),um grande trabalho de profundidade de campo.

A historia se passa na Italia e conta a historia de Angela,uma garota que resolve pedir esmolas pra salvar a mãe moribunda.Num roubo ela é pega pela policia e numa sequencia de acrobacias se esconde numa trupe circense.Junto com essa trupe ela viaja como equilibrista e se apaixona por um pintor optando por levar uma vida de casada.Quando tudo parece estar realmente bem,um dos policiais a reconhece e o passado volta pra atormentar.

Esse filme mostra toda a capacidade dramatica da atriz que vai da garota de rua corajosa e durona sempre comendo uma maçã pra pagar de fodon, à uma mulher sensivel e apaixonada como qualquer outra.Uma das maiores atrizes de sua época compondo um personagem bem diferente da esposa sofrida e indefesa de "Aurora".
Como comum na maioria dos filmes do diretor,o tema acaba se distanciando de uma realismo denunciativo(principalmente antes dos filmes anti-nazi dele)e descamba para uma paixão avassaladora e carnal sendo separada pelo destino.Mas a técnica e o conjunto tanto histórico como artístico atemporal do filme salva de qualquer lugar comum melodramatico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário