segunda-feira, 20 de agosto de 2012

"Paris Adormecida"(1924) - O Primeiro de René Clair

René Clair foi sem dúvida um dos mais mágicos diretores da historia do cinema mundial,e seus filmes falados do inicio dos anos 30 foram os mais importantes e originais na utilização do som e da musica como linguagem cinematográfica.
Filmes como o "O Milhão" e "A Nós a Liberdade"(ambos de 1931) são conhecidos de qualquer cinéfilo que se preze como musicais inovadores,ironicos e engraçadíssimos.Porêm foi nos anos 20 que René Clair começou a fazer nome como um dos grandes pioneiros do cinema avant-garde frances com esse seu debut e outros curtas como "Entr'acte"(1924).

Em menos de uma hora  "Paris Adormecida" contêm elementos diversos que se conectam como referencias do passado em favor de uma visão absolutamente vanguardista e influente.Ele junta elementos da raiz francesa como o espirito julioverniano,o inspirador pré-surrealista Feuidalle e a deificação de Paris,para construir uma ficção cientifica tecnicamente inovadora.

Um cientista resolve lançar um raio que paralisa Paris deixando seus habitantes estáticos.Os únicos sobreviventes foram aqueles que estavam no momento fora do alcance do raio sendo eles um habitante da Torre Eiffel e 5 passageiros de um avião:o piloto,o detetive,a viajante,o ladrão e o empresario.
Inicialmente agindo de forma lúdica usando do ocorrido para irem saqueando a cidade aos poucos o tédio vai tomando conta deles(ao ponto de brigarem pela viajante,a única mulher disponivel) até receberem uma chamada da sobrinha do cientista para que a ajudem a fazer a cabeça de seu tio para fazer com que tudo volte ao normal.

Apesar de todo o contexto interessante e cheio de possibilidades do enredo o que mais chama a atenção é o avanço de Rene Clair na maneira de mover a camera em efeitos de verticalidade e travelings,usar efeitos especiais de edição e filmar em locação não só as ruas de Paris como o interior da Torre Eiffel,que surge como cenário principal servindo de proteção para os sobreviventes do raio que se empoleiram por entre suas ferragens numa relação simbiótica proposital.
Esse realismo citadino é uma das marcas registradas da França e podem ser vistas tantos em filmes de Renoir como "Boudu Salvo das Águas" e "A Cadela" como na Nouvelle Vague.

E claro que vindo de René a critica à modernidade dentro daquele socialismo romântico chapliniano tambêm aparece como o cerne da questão:
Como seria se de repente esse rush crescente parasse?
O que fica claro no bilhete do suicida cujo raio o salva segundos antes dele pular e que diz :
"Foi o ritmo dessa vida moderna que me levou a isso.Eu não posso aguentar a pressa e o barulho da vida nessa cidade."

Nenhum comentário:

Postar um comentário