domingo, 2 de setembro de 2012

"Amor,Sublime,Amor"(1961)-Robert Wise



O musical "West Side Story" de Arthur Laurents foi uma das primeiras modernizações de uma famosa peça de Shakespeare,"Romeu e Julieta",transposto para as gangs do lado oeste da Nova York contemporânea,onde os americanos brancos se encontram em constantes guerras com os imigrantes porto-riquenhos pelo domínio do território.Robert Wise nunca tinha dirigido um musical e o seu conhecimento das ruas de Nova York só eram expostos em noirs sombrios e melodramáticos.A sua já conhecida versatilidade e o seu currículo extenso lhe garantiu não só dar o primeiro passo no gênero musical,como revolucionar tal gênero,usando montagem para expressar o ritmo ou o tema da letra,tendo a sorte de ainda serem confeitadas com acrobacias incríveis de Jerome Robbins(coreógrafo a quem foi concedido o credito de co-diretor pelo próprio Wise.

Diferente de uma produção musical feita para os teatros mágicos da Broadway,a adaptação para o cinema leva consigo um certo perigo.Porque apesar do triunfo da direção conseguir criar imensas danças e refúgios visuais com a ambivalência da cor violeta e amarela assim como momentos sublimes: a maravilhosa introdução com a câmera esvoaçando entre bailarinos se digladiando entre si num cenário até então pouco explorado por um musical,protagonizar com danças assuntos sérios como marginalização,xenofobia e racismo envolve uma certa responsabilidade.E em levantar questões referente a esse aspecto social,o filme é falho,por não conseguir fazer com que uma denúncia se sobressaia em meio ao tratamento fantástico-visual.
Percebe-se  que o filme tenta mostrar que ambas as gangs estão inconscientemente unidas pelo mesmo preconceito que fere a  marginalização social,como o aspecto de vilão da policia,indisposta ao entendimento psicológico dos delinquentes,porem é uma questão que fica sempre de lado para favorecer o desenvolvimento do romance e das sequencias eufóricas.
Os latinos ofendidos por serem imigrantes  e os brancos pertencentes á "social disease" ,é demonstrativo do receio do filme se auto-impor como uma forma de julgar qualquer lado.
As atuações de Russ Tamblyn como Riff(o líder dos brancos),que se mostra atleticamente favorável ao personagem,e em Rita Moreno,como Anita,são as mais sinceras e condizíveis  sem cair no abuso de recursos melodramáticos do resto do elenco.Toda essa artificialidade contrastando com pseudo-realismo faz com seja impossível  desassociar a imagem de filme-de-Oscar-aparência-política,visualmente lindo e aparentemente inofensivo.
O crédito de Wise não é a toa,o visual é o que mais impressiona,criando uma forma de simbiose imagem-musica que influenciaria Bob Fosse e Bahz Luhrmans e se sobrepondo até mesmo às musicas de Leonard Bernstein e Stephen Sondheim,sendo que esse ultimo mostra na letra  analítica de "Gee,Officer Krupke" o que teve de mais astucioso em toda a tentativa do filme em retratar o jovem delinquente.

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