quinta-feira, 6 de setembro de 2012

"No Tempo das Diligências"(1939) - John Ford



Não é preciso dizer muito...apenas assistir "No Tempo das Diligências" para compreender sua magnitude.É a reconstituição do coma em que o western de Ford estava desde o cinema mudo,em que filmes como "O Cavalo de Ferro"(1924) já mostravam um universo todo particular seu.O que acontece são algumas possibilidades que o a própria estória encerra,como diferenciados personagens viajando numa apertada diligência por entre um território indígena,respirando o mesmo ar de diferentes classes.
Ford reinicia uma nova era de filmes colocando todos os seus personagens recorrentes em um lugar só: o bêbado irlandês Doc Boone(Thomas Mitchell realmente louco),a prostituta Dallas,o jogador sulista Hatfield,a esposa grávida de um soldado Mrs. Mallory,o idiota vendedor de whiskey Peacock ,o banqueiro ladrão Gatewood,o fugitivo da justiça Ringo Kid( John Wayne,icônico),o xerife Curly,e o cocheiro Buck.

Orson Welles disse ter assistido 40 vezes enquanto filmava "Cidadão Kane",o que é de se acreditar visto que todas as possibilidades exploradas por movimentos de câmera são usadas seja na interação dos atores para mostrar a diferença social entre seus personagens,ou seja em perseguições de índios como no brilhante trabalho de dublê com uma corrida de carruagens e cavalos,quando Ringo Kid tem que pular com a carruagem em alta velocidade até o cavalo-líder.
Assim como a marca fotográfica de seus filmes de destacar o cenário,presente em alguns filme na década de 30,com o Monument Valley pela primeira vez explorado,e a cidade soturna onde o duelo de Ringo com seus inimigos se desenrola no final.

"No Tempo das Diligências" não é só o filme mais influente do western e do cinema de ação ocidental não.
Ele é o filme em que Ford mais exalta o marginal,a sociedade mal-vista,os tornando heróis em todas as possibilidades.A condenação do puritanismo,a prostituta amparada pelo bêbado e o pistoleiro fora-da-lei salvador.John Wayne,que mais tarde se tornaria como que um símbolo do conservadorismo norte-americano,sai dos filmes b e se torna o representante marginal da raiz do povo americano.
A sua aura icônica  atravessou décadas,graças àquele zoom-in trêmulo que Ford usou para apresentar  o personagem de Ringo Kid,um fugitivo da cadeia disposto a matar quem assassinou seus pais e irmãos.

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